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Vídeo: Idosa destila racismo contra funcionário de farmácia em Uberaba (MG)

Uma idosa, de 66 anos, identificada como Mara Neves Adriano, foi conduzida pela polícia após causar alvoroço e destilar racismo contra funcionário de uma farmácia em Uberaba, Minas Gerais. O caso aconteceu na última terça-feira, 13.

Vídeo: Idosa destila racismo contra funcionário de farmácia em Uberaba (MG)

A aposentada ficou irritada com uma possível demora de um dos atendentes do estabelecimento, chegando a xingá-lo por não realizar a ação na velocidade que ela gostaria.

Luiz Henrique Oliveira, outro funcionário que não estava atendendo a senhora, entrou no meio da confusão para apaziguar a situação e acabou recebendo uma sequência de falas com injúria racial. Mara teria insinuado que o cabelo crespo dele é um problema para a sociedade.

Em um vídeo gravado por Luiz assim que a polícia chega ao local, a senhora aparece totalmente descontrolada, gritando e tentando jogar toda a culpa da situação para cima dos funcionários.

“Esse sujeito que xingou, eu estava falando que o rapaz ali do caixa era lento, um sujeito lento não pode trabalhar em uma farmácia dessa. Ai, vem essa cabeludo aqui [apontando para o funcionário, negro, que estava defendendo seu colega de trabalho], esse rapaz cabeludo aqui”, dispara incialmente a idosa. O oficial da polícia questiona em tom de indignação a ela: “O que?”. Sorrateiramente, ela responde ao policial: “Eu sou cabeluda. Nós dois somos cabeludos”.

Continuando a propagação de ódio, a senhora de quase 7 décadas de vida, tenta mais uma vez, de forma grossa, explicar o motivo de ter surtado com os funcionários.

“Esse cabeludo aqui disse que eu tinha que calar minha boca e não tinha que falar mais nada. Eu tenho 66 anos de idade, ele não podia ter falado assim comigo, entendeu? Um moleque e ele não pode falar assim comigo. Eu sou uma idosa, ele não pode falar”, disse ela.

O policial pede educadamente para que a idosa deixe o rapaz contar sua versão da história, mas mesmo assim, ela o atrapalha a falar.

“Ela tava sem educação falando com os meninos lá do caixa, falando que eles são lentos, gritando… Eu falei assim: ‘A senhora não pode falar assim como eles desse jeito'”, falou Luiz Henrique ao policial.

“Mentira”, ela interrompe a fala do denunciante e ainda solta: “Seja homem!”. “Ela ficou alterada, começou a gritar e me humilhar, falou do meu cabelo, que ocupa todo espaço da loja”, relatou a vítima.

Então, em poucos minutos, na frente da autoridade, ela não mede esforços para destilar racismo ao funcionário negro de cabelo crespo. “Eu vou te falar a verdade, esse cabelo seu ele ocupa espaço no mundo, não é porque ele é crespo não. A gente na vida não pode atrapalhar os outros. Se você for no cinema você atrapalha”, verbalizou ela.

“Ela falou para eu voltar pro gueto”, exclama o rapaz tentando se defender. “Você sabe o que é gueto rapaz? Gueto é do campo de concentração, na guerra da Alemanha, você não sabe nem o que você tá falando, sujeito”, afirma Mara Neves arrogantemente no rosto da vítima.

“Então a gente vai pra delegacia, e você fala isso pro delegado”, fala o policial. “Eu não preciso ir. Moço, é o seguinte, esse rapaz é muito atrevido”, diz ela insistindo que o rapaz está errado.

Não contente com toda a propagação de ódio e racismo, inclusive, na frente da autoridade, a idosa já dentro da viatura da polícia tenta explicar, mais uma vez, o porquê dela estar com raiva dos funcionários.

“Mas esse cabelo Alceu, esse negócio desse cabelo, não é por nada não, além de ser horroroso, é tipo assim, todo mundo tá alisando o cabelo por uma questão especial, o Brasil está superpopulado [sic], você senta com esse cabelo no cinema, esse cabelo não é confortável, não é um cabelo prático, vamos falar racionalmente? Esse cabelo atrapalha. Eles tem que entender que não são donos do mundo não. Entendeu? Não pode! ‘Eu posso sair nua na rua?’ Não. Tem toda uma regra existencial. Tem que ter respeito pelo mundo, pelas pessoas. Ai, oh, agora os outros estão todos, tipo, a favor dele. Ficou desse jeito, oh lá, eu também sou negra, caramba. No Brasil não tem ninguém branco, não”, finaliza a fala rindo de nervoso.

Luiz Henrique de Oliveira, um dos funcionários que foi vítima de racismo da aposentada, contou que nem era ele o responsável pelo atendimento dela e que só entrou na discussão para tentar acalmar os ânimos.

“Essa cliente usou termos como: ‘volta pro gueto’, falou em vários momentos do meu cabelo, ela disse que meu cabelo ocupava muito espaço na loja, disse que meu cabelo era feio. Além disso, ela foi homofóbica e me insultou também usando palavras como vagabundo. Foi muito triste, é uma situação que infelizmente ainda acontece com a gente, pessoas pretas, quando a gente usa o cabelo do jeito que a gente é, quando a gente se aceita”, disse o MG1.

A polícia informou que Mara Neves Adriano não foi presa em flagrante por se comprometido aparecer em audiência que ainda será marcada.

Assista ao vídeo

Como denunciar racismo

Casos como o de Luiz estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro. Veja mais aqui.

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