Nesta quarta-feira, 9, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a fazer críticas às questões do Enem, que segundo ele teriam teor “ideológico”. Em sua fala aos deputados na Comissão de Educação, o chefe da pasta de Educação errou a resposta de uma pergunta do exame que, no momento, utilizava para exemplificar sua argumentação.
“Todos temos uma ideologia, o que discuto é esse ou aquele grupo tentar impor sua ideologia para o outro. Você tem a sua e eu tenho a minha, respeitamos e convivemos”, disse o ministro.
Com intuito de comprovar a sua visão, que as questões do Enem têm caráter ideológico, ele leu uma questão feita aos participantes do Enem 2020.
A questão traz o seguinte texto: “Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que chove em Nova York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. […] Estou indo para Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova York, tomarei providências”.
Depois, o exame dizia: “As repetições e as frases curtas constituem procedimentos linguísticos importantes para a compreensão da temática do texto, pois”.
- A) expressam a futilidade do discurso de poder e de distinção do narrador;
- B) disfarçam a falta de densidade das angústias existenciais narradas;
- C) ironizam a valorização da cultura norte-americana pelos brasileiros;
- D) explicitam a ganância financeira do capitalismo contemporâneo;
- E) criticam os estereótipos sociais das visões de mundo elitistas.
De acordo com gabarito do Enem de 2020, é a alternativa certa é “A”, porém, em sua fala, o ministro disse ser a “D”.
“O gabarito é a letra D […] Isso pra mim é ideológico, não há necessidade de ter pergunta dessa natureza, de visão de mundo. Não é compreensão de texto”, falou Ribeiro ao afirmar a alternativa errada.
“Nós vamos ter um Enem com perguntas objetivas e a questão mais subjetiva para nossa redação, ali [o participante] expõe o que pensa ou deixa de pensar”, disse Milton.
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