Uma criança de 11 anos foi atacada em um grupo de WhatsApp da Escola Estadual Aníbal de Freitas, em Campinas (SP), após ter sugerido um trabalho com tema LGBT. Logo após enviar a mensagem, a criança foi atacado por pais de alunos e funcionários da escola que disseram que a ideia era “absurda”.
A irmã da criança fez um post em suas redes sociais denunciando a homofobia e o caso viralizou nas redes sociais. A família do jovem registrou um boletim de ocorrência para denunciar “preconceito e intimidação” e a Secretaria Estadual de Educação informou que vai enviar um supervisor de ensino à unidade para “tomar as medidas cabíveis”.
Em post no Facebook, a irmã da vítima Danielle Cristina, mostrou sua indignação ao denunciar o caso.
“Eu nunca imaginei que um dia eu iria passar por isso na minha vida, o meu irmão de apenas 11 anos fez uma sugestão no grupo da escola de fazer um trabalho falando sobre o LGBT, ele foi massacrado com tanto preconceito, como se ele tivesse cometendo um crime, uma senhora que se diz coordenadora da escola chamada Marines, ligou para ele por volta das 20:30 da noite acabando com ele, falando para ele retirar o comentário que no caso foi uma ‘sugestão de estudo’ se não iria remover ele do grupo da escola, falou para ele que era inapropriado/ inadmissível/ que era um absurdo ele ter colocado aqui no grupo, que ele precisava de tratamento”, escreveu Danielle.
“Eu cheguei bem na hora e tomei o celular da mão dele, ele estava chorando… eu perguntei quem era para ele e o que estava acontecendo, ele simplesmente me olhou e falou: Dani eu coloquei uma sugestão no grupo da escola e me mostrou bem rápido pq a senhora ainda estava na ligação esbravejando, ele olhei a sugestão dele sem maldade alguma e comecei a falar com ela, perguntei quem era pq achei mesmo que fosse algum pai de outra criança que não gostou e queria falar, mas não era da escola, ligando falando absurdo jogando preconceito na cara do meu irmão que é apenas uma criança”, continuou a irmã da vítima.
“Ela falou para mim o seguinte, você não acha um absurdo ele querer saber sobre o LGBT, eu falei que não pós aqui na minha casa nós não temos preconceito e já ensino o meu irmão a não ter também!! Perguntei para ela que se ele tivesse mandado uma sugestão de trabalho com o assunto plantações se ela tinha ligado para ele e falado tanta coisa ruins do jeito que ela estava falando, vocês acreditam que ela falou que NÃO!!”, relatou.
“Cada um aqui sabe como criam os seus filhos, o meu irmão é somente um menino curioso, uma criança que tem muito o que apreender ainda, ele não é homossexual e mesmo que fosse todos precisam de respeito, ele só sugeriu um tema para estudo, à direção da escola acabou com ele, jogou tanto preconceito, logo a escola que deveria ensinar dar o exemplo”, desabafou.
Danielle pediu para que sua denuncia fosse divulgada, relatou que ninguém da escola pediu desculpas pelo ocorrido e que seu irmão, a vítima, está abalada com toda situação.
“Gostaria tanto que chegasse nas mídias, jornais, quero tanto afastar essa coordenadora que se quer pediu desculpas, ela deveria ter ligado diretamente para os responsáveis pela a criança e não coagir uma criança do jeito que ela fez, o meu irmão está triste!! Ele já me pediu desculpa umas mil vezes, como se ele tivesse feito algo de errado, ele chora e eu choro junto!!”, afirmou.
Por fim, Daniella revelou que fez um Boletim de Ocorrência e que procura atendimento psicológico para o irão.
“Fiz um B.O on-line estou esperando eles me ligaram, mais queria avisar vocês , cuidado fiquem sempre de olho pós aquele que deveria cuidar proteger uma criança foi a primeira a bater (falo isso referente ao grupo de escola). O meu irmão pediu para falar com uma psicóloga, hoje eu não tenho dinheiro para pagar uma para ele, mais segunda feira vou fazer de tudo para conseguir uma pelo o SUS”, finalizou.
Veja a íntegra da nota emitida pela Secretaria Estadual de Educação:
“A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia qualquer tipo de preconceito, dentro ou fora do ambiente escolar. Um supervisor de ensino será enviado amanhã à escola para apurar o caso e todas as medidas administrativas cabíveis serão tomadas. Equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) também será enviada para apoiar o estudante, sua família e a comunidade escolar. A Seduc-SP também conta com psicólogos profissionais no programa Psicólogos na Educação, que está presente em todas as escolas estaduais, e já foi disponibilizado o atendimento para o estudante, que será orientado a fazer o agendamento na escola.
O respeito à diversidade faz parte do Currículo em Ação para que seja ensinado e aprendido nas escolas estaduais. Sempre dentro do contexto dos conteúdos escolares previstos para cada série e cada componente curricular. As escolas têm autonomia, dentro do seu projeto pedagógico, para organizar quando e de que forma essa temática será abordada.
Recentemente aconteceu uma formação com educadores de toda a rede durante as Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPCs), que acontecem toda semana, onde foram discutidos a discriminação e o preconceito e como abordar o tema dentro das escolas com seus alunos e equipe escolar.
Como uma ação, a EE Aníbal de Freitas trabalha temas transversais, em parceria com a PUC Campinas, realizando diversas palestras relacionadas à temática LGBTQIA+, direcionadas à comunidade escolar. A administração regional e a direção da unidade estão à disposição dos pais ou responsáveis para quaisquer esclarecimentos.”
Veja também: Saiba o que fazer e como denunciar casos de homofobia
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