Felipe Neto revelou em seu perfil no Twitter, nesta sexta-feira, 18, ter sido diagnosticado com hemocromatose incompleta heterozigótica. A doença, que na maioria dos casos é causada por condição hereditária, gera uma concentração de ferro no organismo.
“Não bastava depressão, doença de Crohn e TDAH… Recentemente eu fui diagnosticado com hemocromatose incompleta heterozigótica. É uma mutação genética q resulta em alta concentração de ferro no meu sangue e pode trazer problemas. Quando Deus me desenhou, ele estava de mau humor”, iniciou Felipe Neto.
O youtuber ainda brincou: “Bom, isso é só mais uma prova de que eu sou o Homem de Ferro”.
Bom, isso é só mais uma prova de que eu sou o Homem de Ferro. pic.twitter.com/dGMU3cCqcx
— Felipe Neto (@felipeneto) June 18, 2021
Felipe Neto tranquilizou os fãs. “Não fiquem preocupados, o médico me informou q minha forma da doença é ‘incompleta’, o que significa q resulta em alta concentração de ferro (ferritina), mas não a ponto de ser um drama. Vamos monitorar a vida inteira e manter dentro de um número ‘seguro'”.
“Eu descobri a mutação genética no final de 2020, desde então venho tratando com meu médico e progredimos bem. Em janeiro, minha ferritina estava em 642,9 ng/mL. O valor saudável é entre 30 e 400. Mas fomos reduzindo e no exame de semana passada bateu 455,7”, explicou Felipe Neto.
Entenda o que é Hemocromatose
Excesso de ferro no organismo. Cada órgão, articulação e músculo precisa estar em equilíbrio para que o conjunto funcione perfeitamente. O fluido que move toda essa arquitetura complexa é o sangue.
Essencial para a vida, é composto de glóbulos brancos e vermelhos. Os brancos são os leucócitos, o exército de defesa de nosso corpo. Os vermelhos – que contêm a hemoglobina – são os responsáveis pelo transporte de oxigênio para as células, além da retirada do dióxido de carbono. Esse é o processo de produção e liberação de energia do organismo, que precisa do mineral ferro para funcionar bem.
Pensando assim, dá até para acreditar que, quanto mais ferro for consumido, mais energia você terá. Mas, neste caso, a lógica é bem diferente. Um adulto saudável tem de 40 a 160 microgramas de ferro no sangue, que é o nível recomendado. Índices acima disso são um sinal de problema.
Entretanto, há quem acumule o mineral em quantidade superior à necessária. É o caso dos portadores de hemocromatose – alteração genética que faz com que o organismo absorva o ferro em quantidades maiores ou não faça sua eliminação adequada.
O excesso de ferro no sangue pode provocar ferrugem nos órgãos, causando consequências distintas para cada parte do corpo. No fígado, altos níveis do mineral podem causar cirrose; no pâncreas, diabetes; no coração, insuficiência cardíaca; nas glândulas, mau funcionamento e problemas na produção hormonal.
“Felizmente, apenas alguns pacientes desenvolvem problemas mais sérios e agudos”, ressalta o dr. Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula óssea do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Incidência
Nos Estados Unidos, a hemocromatose hereditária é a doença genética mais comum. Lá, um em cada oito pessoas tem o gene de mutação. A proporção de americanos com os dois genes – o que aumenta o risco de desenvolver a doença – é de um para cada 200 pessoas, de acordo com o U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Por aqui, não há estimativas precisas. Um estudo iniciado em 2001 pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo mostrou que, entre os doadores de sangue, a presença de mutações relacionadas à hemocromatose varia de 7% a 20%. O número de portadores dos dois genes – que levam ao desenvolvimento da doença – não é confirmado no Brasil, mas internacionalmente a porcentagem é de 1% da população.
Causas
Embora seja mais provável que a doença se desenvolva em quem possui os dois genes com mutação, as pessoas que são heterozigotas – que possuem apenas um gene – também devem ser avaliadas periodicamente. Em especial se tiverem sintomas ou outras condições que possam influenciar no funcionamento de um órgão. Por exemplo, ter hemocromatose com ferro no fígado e também gordura no fígado, a esteatose.
Tipos
Além da hemocromatose hereditária, que é o tipo mais comum, há outras variações. A mais grave delas, a hemocromatose secundária, é encontrada em pacientes que desenvolvem anemias hemolíticas ou naqueles que realizam muitas transfusões de sangue.
Sintomas
Os sintomas da hemocromatose são muito diversos e podem estar presentes em outros problemas clínicos também. Dessa forma, o diagnóstico é feito por exame de sangue, que mede os níveis de ferritina e saturação de ferro. “Não é nada complicado e pode ser incluído em qualquer checkup”, avisa o médico.
Diagnóstico
Além do exame de sangue, há alternativas de diagnóstico, uma das quais é o teste genético. Embora analise os genes do paciente, o teste só detecta as mutações genéticas mais frequentes; portanto, se o resultado for negativo, não significa que o paciente não tenha hemocromatose hereditária.
“Com base no resultado do exame de sangue, todo paciente com ferritina ou saturação de ferro alta, mesmo com resultados negativos, deve ser investigado”, explica o dr. Hamerschlak. Outra forma é retirar sangue semanalmente por um período de quatro a seis semanas. Com as amostras, é realizada uma avaliação dos níveis de glóbulos vermelhos. “Os portadores de hemocromatose não ficam com anemia. É uma prova terapêutica”, afirma o médico.
O Einstein dispõe de um exame específico para o controle de ferro nos órgãos. Trata-se de uma ressonância magnética desenvolvida para esse fim,. O objetivo é avaliar os principais órgãos que estocam ferro, como fígado e pâncreas, e observar o grau de comprometimento causado pelo mineral.
Tratamento
O tratamento mais comum é a sangria terapêutica, que é como a doação de sangue, com a diferença de que o sangue é descartado após a coleta. São realizadas retiradas periódicas, em duas etapas: a primeira, com períodos pequenos, de uma a duas vezes por semana. Na segunda, aumenta-se o período entre as coletas de acordo com a melhora do paciente.
O tratamento é eficaz desde que não haja danos definitivos, como uma cirrose. É possível conviver tranquilamente com o problema, bastando fazer o controle com exames de sangue periódicos e a ressonância magnética. Além disso, o consumo de ferro também merece atenção. “É importante saber que a carne é a principal fonte de ferro. Não oriento ninguém a se tornar vegetariano, mas é bom não exagerar”, explica o dr. Hamerschlak. Outro conselho do médico é que se consumam chás e leite, porque diminuem a absorção do ferro pelo organismo.
Para quem apresenta altos índices do mineral no sangue, vale tirar do cardápio peixes e ostras crus. Isso porque há microrganismos como o vibrio, e a Yersinia que pode ser transmitido por esses alimentos e que causa intoxicação mais grave em quem tem hemocromatose.
*Com informações do Hospital Israelita Albert Einstein
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