Um jovem de 26 anos foi o primeiro paciente a morrer em decorrência da varíola dos macacos (monkeypox) em São Paulo. Ele estava internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças infecciosas, havia mais de dois meses.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado, ele tinha diversas comorbidades e passava por tratamento com antivirais para uso emergencial. Essa condição de saúde preexistente foi o que agravou o quadro da doença.
Este é o sexto caso de morte pela varíola dos macacos no Brasil. Os demais óbitos foram registrados nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Os demais casos também tratavam-se de pessoas com comorbidades e imunidade baixa, que aumentam os riscos para complicações por varíola dos macacos.
Apesar dos óbitos já registrados no Brasil e em outros países, mortes pela doença são consideradas raras. Pelo que se sabe até agora, o vírus monkeypox causa um quadro autolimitado, que se resolve em duas a quatro semanas, e mais de 99% dos pacientes infectados se recuperam bem.
Mas existem alguns grupos, que incluem recém-nascidos, crianças e gestantes, pacientes com sistema imunológico comprometido, indivíduos com histórico de doenças inflamatórias de pele, que correm um risco maior de desenvolver sintomas mais graves.
Como a morte pode ocorrer?
Um dos principais riscos é se houver uma segunda infecção no paciente com varíola.
“A maneira mais comum de muitas infecções virais resultarem em morte é através de um efeito secundário, uma coinfecção secundária. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver pneumonia ou uma infecção da pele dessas lesões cutâneas, levando a uma infecção bacteriana, que pode então entrar no sangue e resultar em sepse”, explicou James Gill, presidente do Comitê de Patologia Forense do Colégio de Patologistas Americanos, à CNN.
Da mesma maneira ocorre se a pessoa com Aids, por exemplo, for infectada pela vírus monkeypox. Seu estado de saúde anterior irá torná-la mais suscetível a morrer de varíola dos macacos.
Segundo Gill, também pode ocorrer da infecção entrar no cérebro. “Isso pode causar encefalite, que é uma inflamação do cérebro – e isso é muito raro”, disse o especialista.
Como ocorre transmissão?
O surto atual de varíola dos macacos não é típico de surtos anteriores. Estudos estão em andamento para entender melhor a epidemiologia, fontes de infecção e padrões de transmissão.
Mas o que se sabe até agora é que o vírus da doença é transmitido por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
O período de incubação do vírus (momento da exposição até o surgimento dos primeiros sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Sintomas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.
Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.
Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.
Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.
Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.
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