Diagnosticar com precisão o autismo pode ser difícil, especialmente em crianças. No entanto, especialistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, defendem que um teste de ilusão de ótica pode ajudar a identificar de maneira rápida quem tem grau leve da condição.
O estudo, publicado no Journal of Neuroscience, na última quarta-feira, 1º, se baseia no desenho abaixo.
Segundo os pesquisadores, se a pessoa não conseguir localizar rapidamente o quadrado branco enquanto se concentra nas marcas pretas, é provável que tenha autismo leve.
Os autores do estudo disseram que a explicação para isso seria de que as pessoas com autismo processam informações de maneira diferente das neurotípicas e tendem a se concentrar intensamente apenas em um elemento de cada vez em lugar de olhar a figura inteira. No caso, as marcas pretas chamariam mais atenção.
A autora do estudo, Emily Knight, neurologista da Universidade de Rochester explicou que nosso cérebro reúne peças de um objeto ou cena visual para nos ajudar a interagir com nossos ambientes.
“Quando vemos um objeto ou imagem, nossos cérebros usam processos que consideram nossa experiência e informações contextuais para ajudar a antecipar entradas sensoriais, abordar a ambiguidade e preencher as informações que faltam”, disse a pesquisadora.
Mas, segundo ela, os resultados sugerem que crianças com autismo “podem não ser capazes de prever e preencher as informações visuais que faltam como seus colegas”.
Como foi realizado o estudo?
O estudo envolveu 60 crianças, incluindo 29 diagnosticadas com transtorno do espectro do autismo (TEA), e utilizou um estilo clássico de ilusão popularizado pelo psicólogo italiano Gaetano Kanizsa, que normalmente envolve linhas ou formas simples, como círculos, com seções removidas.
Dispostos de uma certa maneira, os espaços vazios se alinham para descrever uma segunda forma em seu espaço negativo.
Para realmente “ver” as diferentes formas, operações de processamento superior em diferentes áreas do cérebro combinam estímulos, transformando um mero padrão de escuridão e luz em uma imagem abrangente.
Com base em sua atividade cerebral, crianças de 7 a 17 anos, diagnosticadas com TEA, demonstraram um atraso no processamento da ilusão.
Porém, de acordo com os cientistas, isso não significa necessariamente que os participantes não conseguiram discernir a forma formada pelas imagens de contorno, mas sugere que seus cérebros processaram a ilusão de uma forma que não é automática.
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