Tocada com a história da morte de Henry Borel, de 4 anos, a mãe de Isabella Nardoni enviou uma mensagens de solidariedade para o pai do menino, Leniel Borel de Almeida Junior. Ana Carolina Oliveira, de 37 anos, ainda publicou um texto depoimento, nesta terça-feira, 13, na revista Piauí traçando um paralelo entre as duas trágicas histórias.
“A morte brutal, os desdobramentos das investigações e a comoção causada na população são muito parecidos e doloridos”, afirmou a mãe de Isabella, na revista Piauí.
No texto, Ana Carolina traça um paralelo entre a morte da filha e a de Henry. Nos dois casos, a morte aconteceu dentro de casa, enquanto as crianças estavam sob guarda de quem deveria protegê-las.
No caso Isabella Nardoni, agredida e arremessada da janela do sexto andar do Edifício London, na zona norte de São Paulo, no dia 29 de março de 2008, o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e fraude processual, em 2010.
No caso de Henry, que aconteceu no Rio de Janeiro, a Polícia Civil suspeita que o menino tenha sido espancado pelo padrasto, o vereador Dr. Jairinho (sem partido). Mas nesse caso, a mãe teria sido conivente com o crime. Monique Medeiros e Dr, Jairinho foram presos preventivamente.
De acordo com laudo do Instituto Médico Legal (IML), Henry tinha 23 lesões severas quando morreu. Tantos ferimentos não são compatíveis com a versão dada pelo casal, de que o menino teria sofrido uma queda da cama.
Thayna de Oliveira, a babá de Henry, confirmou a rotina de tortura a qual o menino era submetido, em depoimento à Polícia. Segundo ela, além da mãe, tios e avó materna sabiam dos espancamentos.
À Piauí, a mãe de Isabella conta que “sentiu algo estranho” com uma entrevista da mãe e do padrasto do Henry e percebeu semelhanças com o ocorrido com a filha, Isabella.
“Senti frieza, uma emoção falsa e versão combinada dos fatos. Naquele momento, pensei o pior mesmo. Por mais que as pessoas ensaiem, criando uma versão falsa para o crime, a verdade não consegue ser escondida nem por elas mesmas”, afirmou a mãe de Isabella Nardoni.
“Esse tipo de crime você jamais imagina que vai acontecer em sua família. Eu mandei na sexta-feira (9), uma mensagem por WhatsApp ao Leniel Borel, pai do Henry. Meu coração estava pedindo para fazer isso. Eu me coloquei no lugar dele. Escrevi que muitas pessoas estão neste momento mandando mensagens, assim como aconteceu comigo com a morte da minha filha”, contou mãe de Isabella Nardoni.
“Entregar um filho para nunca mais voltar é o que mais machuca, revolta. Não consigo explicar o tamanho dessa dor. No caso da Isabella, o pai foi o culpado. No do Henry, a mãe está presa como suspeita de participar da morte do próprio filho. Justo a mãe, que deu vida à criança. Eu sou da seguinte opinião: as dores não são comparáveis. Mas elas são enormes, imensuráveis”, comentou Ana Carolina.
“O julgamento e a condenação encerram um ciclo, colocam um ponto-final em uma história muito triste. No meu caso, entre o assassinato da minha filha e a condenação, passaram-se dois anos. A imprensa teve um papel importante no caso da Isabella, assim como está tendo no do Henry. Ficar em cima ajuda a colocar uma pressão nas investigações, por Justiça”, lembra.
“Eu, como forma de tentar aparentar alguma normalidade no meio de tudo, voltei a trabalhar duas semanas após a morte da minha filha. Mas não dei conta, precisava me voltar para mim e buscar ajuda. Pedi então uma licença e fiquei três meses afastada”, completou a mãe de Isabella Nardoni.
Em resposta para a troca de mensagens, Leniel respondeu à Ana Carolina: “Você não sabe como suas palavras são importantes neste momento. Está sendo muito difícil. Não paro de pensar no meu filho. Além do meu filho, eles levaram a minha paz”.
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