Durante a edição do Jornal Nacional, nesta segunda-feira, 25, o âncora do principal telejornal do país, na TV Globo, William Bonner apareceu visivelmente indignado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ter associado vacina contra covid-19 e AIDS.
Ao abrir a reportagem sobre o tema exibida no JN, por mais de 8 minutos, Bonner acusou Bolsonaro de buscar “desacreditar vacinas e de desestimular a vacinação” no Brasil e classificou a fala do presidente como “falsa e absurda”.
Com tom crítico, visivelmente irritado, Bonner protestou: “O Facebook tirou do ar ontem à noite o vídeo em que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez uma relação completamente falsa e absurda entre a vacina contra a covid e a Aids. E hoje no fim da tarde também o You Tube decidiu suspender por uma semana o canal do presidente. Desde que foi publicada, essa nova iniciativa de Bolsonaro de desacreditar vacinas, de desestimular a vacinação, deixou incrédulas as comunidades médica e científica. E provocou críticas veementes também no meio político”.
Durante a reportagem, o Jornal Nacional deu espaço para médicos e especialistas desmentirem o presidente, além de senadores integrantes da CPI da Covid, afirmando que vão incluir, mais esse episódio, no relatório final da Comissão. Ao JN, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) falou em pedir o banimento de Bolsonaro das redes sócias.
Bolsonaro é penalizado por associar vacina contra covid e AIDS
O Facebook tirou do ar a live do presidente Jair Bolsonaro em que ele compartilha a informação sobre uma suposta relação entre as vacinas contra covid-19 e a aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). A transmissão foi ao ar, ao vivo, na última quinta-feira, 21, e estava disponível para reprodução, como acontece com os conteúdos semelhantes. A remoção do vídeo se estende à conta do presidente no Instagram, rede social que também pertence ao Facebook.
De acordo com o presidente, a informação se refere a pessoas totalmente vacinadas, ou seja, que tomaram a dose única ou segunda dose da vacina há mais de 15 dias. “Só vou dar a notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito. Vamos lá: ‘Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados […] estão desenvolvendo síndrome da imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto’. Recomendo, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live, não quero que caia a live aqui, quero dar informações”, afirmou Bolsonaro durante a transmissão do dia 21, sem citar a fonte da matéria.
Em nota divulgada no sábado, 23, o Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia esclareceu que “não se conhece nenhuma relação” entre qualquer vacina contra a covid-19 e o desenvolvimento de aids. “Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”, diz a nota.
O comitê recomenda ainda que pessoas que vivem com HIV (vírus da imunodeficiência humana)/aids devem ser completamente vacinadas contra covid-19, inclusive com a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias. Pessoas imunossuprimidas estão recebendo o reforço contra covid-19 nesse intervalo de tempo, conforme prevê o Ministério da Saúde, assim como os idosos e profissionais de saúde que tomaram a vacina há mais de seis meses.
Nesta segunda-feira, 25, em entrevista a uma rádio, o presidente disse que leu sobre a pesquisa em reportagem da revista Exame publicada na semana passada. Bolsonaro também compartilhou nas redes sociais uma publicação de seu filho Carlos Bolsonaro em que o vereador critica a repercussão. “A que nível chega o $istema: o “meio de comunicação do bem” chamado @exame divulga a informação e o atacado é quem leu sua matéria! O alvo será a revista ou o leitor? Precisa responder? Tem método!”, diz a publicação.
A matéria em questão, entretanto, foi publicada pela Exame em outubro de 2020, quando as vacinas ainda estavam em desenvolvimento. A notícia foi atualizada nesta segunda-feira e destaca que os cientistas se basearam em análises feitas em 2007 com um adenovírus específico usado na pesquisa de vacinas contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana).
No final da tarde desta segunda, o YouTube comunicou que também resolveu retirar o vídeo do presidente Jair Bolsonaro do ar. Segundo a empresa, o canal do presidente foi suspenso por uma semana. Em comunicado, o YouTube afirma que o conteúdo do vídeo “viola diretrizes que estão em conformidade com autoridades de saúde locais e globais.”
Com informações da Agência Brasil.
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