Cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, e do Centro Médico da Universidade de Göttingen, na Alemanha, desenvolveram tratamento baseado em anticorpos e uma vacina contra o Alzheimer que, além de prevenir, pode reverter o quadro de demência provocado pela doença.
O estudo foi feito em ratos com Alzheimer e demonstrou bons resultados. Com base em técnicas de imagem semelhantes às usadas para diagnosticar a doença em humanos, eles descobriram que tanto o anticorpo quanto a vacina ajudaram a restaurar a função dos neurônios e reduzir os sintomas do Alzheimer.
Os resultados foram publicados na revista científica Molecular Psychiatry, do grupo Nature.
Segundo o professor Mark Carr, um dos responsáveis pelo estudo, a pesquisa ainda está em estágio inicial, mas se os resultados se confirmarem nos testes com humanos, a descoberta pode ser algo transformador.
“Abre possibilidades para não só tratar o Alzheimer quando os sintomas são detectados, mas também vacinar as pessoas antes dos primeiros sinais aparecerem”, explicou o professor ao jornal Daily Mail.
O terapia que entrará em teste clínico com humanos nos próximos dois anos tem o valor estimado de £ 15 (cerca de R$ 110) por dose.
Como funciona
A doença de Alzheimer ocorre quando uma proteína beta amiloide se aglomera para formar placas que se acumulam entre os neurônios e interrompem a função do cérebro.
Foi exatamente esse o ponto-chave da pesquisa. Os cientistas identificaram um anticorpo que evita que as moléculas de proteína se juntem e formem essas placas.
“Em testes clínicos, nenhum dos tratamentos potenciais que dissolvem as placas amiloides no cérebro mostraram muito sucesso em termos de redução dos sintomas de Alzheimer. Alguns até mostraram efeitos colaterais negativos”, disse o professor Thomas Bayer, do Centro Médico da Universidade de Göttingen.
“Decidimos por uma abordagem diferente. Identificamos um anticorpo em camundongos que neutralizaria as formas truncadas da beta-amiloide solúvel, mas não se ligaria às formas normais da proteína ou às placas”.
A equipe adaptou esse anticorpo para que o sistema imunológico humano não o reconhecesse como estranho e o aceitasse.
Segundo os pesquisadores, a descoberta é promissora como um potencial tratamento para a doença. Agora, eles procuram um parceiro comercial para possibilitar os testes clínicos.
Alzheimer
A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometendo habilidades de pensamento e a capacidade de realizar as tarefas simples do dia a dia.
O primeiro sintoma, e o mais característico, do Mal de Alzheimer é a perda de memória recente. Com a progressão da doença, vão aparecendo sintomas mais graves como, a perda de memória remota (ou seja, dos fatos mais antigos), bem como irritabilidade, falhas na linguagem, prejuízo na capacidade de se orientar no espaço e no tempo.
Embora não haja cura, o paciente precisa ser acompanhado. No Brasil, centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, além de medicamentos que ajudam a retardar a evolução dos sintomas.
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