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Professor dança com aluna que teve AVC e ela afirma: ‘Senti um sopro de vida’

O professor Deny Ronaldo Miguel, 36, viralizou ao publicar em sua conta do Instagram um vídeo comovente em que dança com a aluna Marlene Canarim Danesi, 86, que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) recentemente. Marlene lembrou do professor enquanto estava internada no hospital e sua neta prometeu que, assim que ela tivesse alta, o convidaria para fazer uma “reabilitação dançante”.

Deny conta que dava aulas particulares há 4 anos para Marlene e que os dois se tornaram grandes amigos. “Me sinto aluno dela, pois nossa amizade não ficou na sala de aula. A Marlene é uma mulher incrível. Os quase 50 anos de diferença só ajudaram nossa amizade”, afirmou o professor de danças de salão.

Por causa da pandemia de Covid-19, as aulas semanais foram suspensas temporariamente, mas os dois mantiveram contato. Durante uma das conversas por mensagem de texto, Marlene contou que havia sido diagnosticada com câncer de pulmão.

“Ela estava triste, então sugeri ir até sua casa, tomar um café, mas a doença a impedia de falar por muito tempo. Seguimos trocando mensagens até que recebi a notícia do AVC”, explicou Deny.

A neta da Marlene, Floriana Breyer, 32, disse que a avó estava prestes a iniciar a quimioterapia, quando teve o AVC no dia 19 de novembro. “Ela fez o procedimento de inserção do cateter, mas quando voltou da anestesia perceberam que ela não mexia os membros esquerdos”, contou Floriana.

Após os médicos conseguirem intervir e retirar os coágulos, Marlene surpreendeu a todos durante a reabilitação: ela saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em três dias e logo na primeira sessão de fisioterapia voltou a caminhar.

Deny dança com sua aluna, Marlene

Mas infelizmente os dias turbulentos não tinham acabado. Ainda no hospital, Marlene teve complicação pulmonar. Em uma noite, Floriana perguntou o que ela queria ouvir, já pensando que aquele poderia ser um dos últimos desejos da avó. “Tangos e boleros. Tenho um professor e grande amigo que me ensinava”, respondeu ela com a voz firme.

Floriana disse que imediatamente prometeu para a avó e para si mesma que, se ela saísse do hospital, iria chamar o professor Deny para ouvir e dançar tango e bolero em uma reabilitação caseira. “Dito e feito. No dia 26, ela saiu do hospital e dia 28 fizemos nossa primeira ‘milonguita’ da reabilitação”, disse a neta.

O sopro de vida com a dança

Após dançar por alguns minutos com o professor, Marlene afirmou que sentiu “um sopro de vida.” O momento foi gravado por Floriana e publicado no perfil de Deny em uma rede social. “Um AVC não foi o bastante para distanciar nosso abraço, não é mesmo?! Estou aqui. Sou mais um aliado e lhe dou uma reabilitação dançante, do jeitinho que você merece”, escreveu na legenda.

A repercussão do vídeo surpreendeu o professor, que recebeu diversas mensagens de seguidores que ficaram emocionados com a cena. “Marlene e eu já postamos vídeos de apresentações, ensaios, aulas, mas nunca houve essa repercussão. Muitas pessoas vieram falar comigo após o vídeo. Bem, arte não é apenas sobre estética. A arte serve à alma da gente e as pessoas conectaram este propósito.”

“A vida pode ser um sopro ou um furacão, não importa. Se podemos fazer um pouquinho que seja pela vida de alguém, que façamos”, afirmou.

Deny dança com sua aluna, Marlene

Deny e Marlene vieram de longe até chegar na terra gaúcha

Deny é paulistano, mas mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Inclusive, foi em uma escola da terra gaúcha que o professor conheceu Marlene. “Nossa primeira conversa desnudou um pequeno defeito meu. A Marlene me falou: ‘Parabéns pela aula e pela habilidade da boa oratória. Percebi que você é gago, mas sua habilidade faz com que sua gagueira seja quase imperceptível’ rimos.”

Além de professor, Deny também é palestrante e atualmente está se graduando em Filosofia. Sua carreira na dança tem mais de 16 anos, mas ele conta que não foi planejado e ele só conheceu a dança durante a faculdade. “Foi tudo muito intenso. A música sempre esteve presente na minha vida, mas a dança, não. Não descobri a dança. Fui descoberto por ela.”

O professor já participou duas vezes da Dança dos Famosos, quadro do “Domingão do Faustão”, e conta que foi isso que o projetou nacionalmente para o mercado. Para ele, dançar representa uma construção. “Pude reformar e corrigir as relações com minha família. Pais separados, irmãs distantes. Nossa união foi o presente mais lindo que a dança me deu. As reflexões deram-me a chance de olhar de outra forma para os meus pares”, explicou.

O lar de Marlene também nem sempre foi em Porto Alegre, ela nasceu em Salvador e é fonoaudióloga. Mãe de três filhos, avó de cinco netos e bisavó de dois bisnetos, ela é autora de diversos livros, entre eles do “Os Amores de Helena”, que foi escrito durante a pandemia e ainda está sendo finalizado.

Marlene, que dança há 15 anos, já se apresentou mais de seis vezes com Deny e a última foi em dezembro de 2019, há 2 anos atrás. Os amigos aprendem muito um com o outro. “Já tive vários professores, mas com Deny descobri que a dança é mais abrangente, faz parte da comunicação humana. Quando a gente dança, é como se estivéssemos conversando.”

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