Um artigo assinado pelo escritor e antropólogo Antonio Risério e publicado no caderno Ilustríssima, da “Folha de S.Paulo”, gerou uma série de criticas de intelectuais e internautas nas redes sociais. “Folha”, “Risério” e “Não existe racismo reverso” figuraram entre os assuntos mais comentados deste domingo, 16, no Twitter.
Segundo o texto de Risério, o movimento negro reproduz um projeto supremacista branco, criando uma espécie de “neorracismo identitário”, que, em outras palavras, seria um “racismo reverso”.
Abaixo, leia algumas das criticas ao autor.
Não existe racismo reverso. Racismo é sistema de poder – econômico, jurídico, midiático, social, físico – fundado na ideia de que não somos humanos. Nunca houve no Brasil negros com poder oprimindo brancos. Afirmar o contrário, com anedotas, é desonesto na medida em que é cruel.
— Thiago Amparo (@thiamparo) January 16, 2022
Branco não é perseguido em lojas, não é espancado pela polícia, não perde vsga de emprego só por ser branco.
Não existe um sistema que beneficie o negro diante do branco.
— Pedro Duarte (@pedrohduarte) January 16, 2022
O racismo é um sistema de divisão por meio da categoria de raça, de poder, estrutural, manifestado historicamente, do qual herdamos um conjunto de práticas sociais, políticas, jurídicas, institucionais, que são responsáveis por discriminar, estereotipar (+)
— Jonas Di Andrade (@jonasdiandrade) January 16, 2022
A base do racismo são relações de poder pautadas na raça. Relações que se construíram historicamente com exploração de negros, colocando-os em posição subalterna. Por isso, negros são os mais pobres, os que mais morrem de violência policial e tem menos acesso a oportunidades
— Victoria Damasceno (@damascenovic) January 16, 2022
Não adianta ter editoria de diversidade, ombudsman e programa de treinamento voltado a profissionais negros se nas páginas do jornal ainda há espaço para aberrações em forma de texto que defendem a ideia estapafúrdia de racismo reverso.
Mais do que lamentável, é vergonhoso.
— Luiza Bodenmüller (@lubodenmuller) January 16, 2022
Vergonha, tristeza e indignação. Isso aqui, junto com a “ideologia de gênero”, é grotesco.
Antonio Risério: Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo https://t.co/vmVPjti6PT— Vera Iaconelli (@VeraIaconelli) January 16, 2022
Há centenas de articulistas sérios e talentosos, mas quem recebe atenção e tem texto compartilhado é o baderneiro, o mal-educado, o ignorante. E o mais interessante é que quase sempre o artigo do fanfarrão ataca alguma minoria. 👇🏿
— Silvio Almeida (@silviolual) January 16, 2022
Racismo é mais do que afetos negativos: é ter o poder para usar o afeto como poder de destruição. Por isso, não há racismo reverso. Artigo desnecessário da @folha: só para criar controvérsia, intrigas e múltiplas réplicas. https://t.co/fiZW8zeCjx
— Debora Diniz (@Debora_D_Diniz) January 16, 2022
Risério é autor de “A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros”, “Sobre o Relativismo Pós-Moderno e a Fantasia Fascista da Esquerda Identitária” e “As Sinhás Pretas da Bahia”
Folha e as polêmicas com o racismo
Em setembro de 2021, um artigo de Leandro Narloch, também publicado na “Folha de S.Paulo”, causou polêmica dentro da empresa por ter sido acusado de relativizar a escravidão no Brasil. Ele foi criticado por Thiago Amparo, colega de jornal, e o assunto foi comentado por José Henrique Mariante, ombudsman do jornal.
O texto de Narloch, intitulado “Luxo e riqueza das ‘sinhás pretas’ precisam inspirar o movimento negro”, apresenta o episódio de uma “sinhá preta” e estende esse caso particular para desconstruir séculos de escravidão, ignorando um sem-número de outros relatos e documentos do período que provam que a exceção não é a regra.
Amparo criticou a Folha por ceder espaço a esse tipo de comentário e disse ter sentido “ânsia de vômito” e “um misto de repugnância e desânimo”.
“Folha, por que ainda precisamos nos masturbar coletivamente com a relativização da dor preta?”, questionou.
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