Comer bem em Portugal é pleonasmo. Das tascas simples aos requintados salões, dificilmente abandona-se uma mesa do país sem carregar nas papilas as marcas de um prato farto de sabor e centímetros a mais na cintura por obra da gula. Porque não há regime que resista ao frescor dos pescados, ao vigor das carnes e a uma doçaria que nos legou a maviosa combinação de açúcar e ovos, base de toda uma dezena de prazeres da típica pastelaria portuguesa.
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Quem visita o Porto e arredores atesta essa quase regra nacional. Come-se muito bem na cidade famosa mundialmente pelo vinho fortificado que carrega seu nome. Verifica-se o mesmo nas vizinhas Vila Nova de Gaia, Matosinhos e Leça da Palmeira. Na relação abaixo figuram espaços onde tradição e ousadia caminham juntas nessas cidades, sem que se descuide de dois valores primários de qualquer cozinha: o cuidado e o respeito com cada ingrediente.
Flor de Lis, no Porto
Além do Vila Foz, recém detentor de uma estrela Michelin, o chef Arnaldo Azevedo é também a mente criativa por trás do outro restaurante do Vila Foz Hotel & Spa. No Flor de Lis prevalecem sabores portugueses em pratos sazonais. Eles podem ser provados tanto à la carte no almoço e no jantar quanto nos dois menus disponíveis de dia, de segunda a sexta. A primeira opção custa € 21 por pessoa (com entrada e prato ou prato e sobremesa, mais 1 bebida, entre água, cerveja, refrigerante ou vinho); a segunda sai a € 24 (entrada, prato e sobremesa, mais um copo de bebida).
Apesar de o hotel estar diante do Atlântico, não se intimide em provar as carnes, como a bochecha com batatas e legumes. O brownie de chocolate branco escapa de ser enjoativo graças à feliz combinação com o sorvete de maracujá. Se estiver disponível no cardápio, prove sem medo de errar.
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Dona Maria, em Vila Nova de Gaia
O mármore, a madeira e o veludo conferem luxo ao salão do Dona Maria, espaço do The Lodge Hotel destinado a celebrar a cozinha do Porto e da região Norte do país. A requintada ode aos sabores simples e genuínos inicia-se pela seleção de pães de produção artesanal e azeites portugueses (€ 6, porção individual), conduzidos à mesa com garbo. Das entradas, o croquete de leitão é friturinha que chega na companhia de com salada asiática e maionese de lima (€ 16).
O naco de novilho à portuguesa com batatas coradas (€ 28) evoca sabores que derivam das montanhas. E o pastel de natas oferece-se desconstruído, com gelado de canela e molho de caramelo (€ 11). Único senão à sobremesa fica por conta do suspiro e do crocante de biscoito, que corrompem a icônica receita (por mim, bastariam a impecável massa e o frescor do sorvete).
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Novo Casarão do Castelo, em Leça da Palmeira
O segundo restaurante dos irmãos Joaquim e Manuel Lopes, em parceria com Joaquim Rocha, é vizinho à casa matriz e em frente ao Forte de Leça da Palmeira. A vitrine de pescados e frutos do mar localizada na entrada assanha a visão dos clientes. Como aperitivo, o misto de marisco (€ 175, para 4 pessoas) traz praticamente uma refeição completa, com camarões e gambas parrudos, amêijoas, santolas, percebes (o crustáceo de aparência primitiva e sabor forte do mar é uma iguaria idolatrada pelos locais) e a sapateira – admito que fartei-me da carne desse crustáceo espalhada sobre tostas (torradinhas).
Em um dia que havia começado com uma visita a uma fábrica de sardinhas (pescado considerado a rainha da grelha), a noite só poderia mesmo terminar com devoção ao rei. O robalo (€ 45,50) chegou à mesa em sua versão grelhada. O risoto de cogumelo Portobello (€ 22,50) e o linguini nero com gamba (€ 25) estão entre as opções destacadas do menu. Avantajadas, as sobremesas são apresentadas em um mostruário que lembra uma joalheria. Peça pão de ló (€ 6), sem mais.
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