Um tatuador que se fantasiou de goleiro Bruno foi demitido do estúdio que trabalhava em Manaus, no Amazonas. Uma foto dele vestindo a camisa do Flamengo, e com o nome Bruno escrito nela, foi publicada em uma conta do Instagram de uma espaço que promovia uma festa de Halloween. Com ele, ainda estavam um saco de lixo com o nome de Eliza Samudio, modelo que foi brutalmente assassinada por Bruno.
A empresa que fez a postagem, apagou a imagem e pediu desculpas.
“O estúdio não compactua com qualquer forma de incitação à violência contra a mulher. Deixando bem claro que o colaborador foi demitido, não fazendo mais parte do quadro de funcionários”, escreveu o “El Cartel Tatuaria”.
Depois, o estúdio comandado pelo tatuador Giovane Araújo disse que o homem demitido era sócio e que a parceria foi desfeita depois da publicação.
Sonia Moura, mãe de Eliza Samudio, disse que irá acionar a Justiça para a reparação do ato que trouxe dano à imagem da filha. “Isso não vai ficar assim. Vou tomar providência quanto a isso. Além da minha dor, existe a dor do meu neto, que é uma criança de 11 anos que não tem voz ainda, que não tem como defender a mãe”, afirmou ela.
Ao retirar a imagem do ar, o “Porão do Alemão”, casa de show em que o dono é um vereador de Manaus, afirmou que a publicação foi realizada por um estagiário de 20 anos. O funcionário, que teria dito não ter conhecimento dos detalhes do crime, também foi afastado do cargo.
Sonia diz ter ficado indignada com o desrespeito à memória de sua filha e teme o impacto da exposição, principalmente podendo atingir seu neto.
“Ele está em transição pra adolescência. É um momento complicado da vida dele, e as pessoas querem fazer o quê? Querem plantar raiva, ódio nele? Daqui a pouco vão fazer comparação dele com o pai. Eu tento preservar ele dessas coisas, não alimento ódio, nem mágoa do pai. Mas pra quê? Pra surgirem pessoas desse tipo e fazerem o que estão fazendo?”, enfatiza a mãe de Eliza Samudio.
‘Feminicídio não é fantasia’
João Tayah, delegado da Polícia Civil do Amazonas, também se manifestou nas redes sociais para alertar sobre o artigo 287 do Código Penal. “Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime” tem pena de “detenção, de três a seis meses, ou multa”.
“Feminicídio não é brincadeira, feminicídio não é fantasia”, disse o delegado no Twitter. “Infelizmente a pena é considerada baixa, mas é suficiente para demandar a intervenção policial e instauração do devido Termo Circunstanciado de Ocorrência para apurar a conduta delituosa e verificar as razões pelas quais a pessoa adotou tal comportamento.”
O policial ainda falou que o suspeito vai ter que prestar esclarecimentos às autoridades. “Qualquer estabelecimento noturno que venha a presenciar fantasias que sejam ofensivas às mulheres, que façam referência elogiosa ou de apoio a qualquer tipo de evento criminoso já ocorrido no Brasil pode acionar a delegacia da área pra que a pessoa seja conduzida e preste esclarecimentos sobre as razões de adotar esse tipo de comportamento.”
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